36E lhes acrescentou esta parábola para pensar: “Ninguém tira um remendo de roupa nova e o costura sobre roupa velha; se o fizer, certamente estragará a roupa nova; e, além disso, o remendo novo jamais se ajustará à velha roupa. 37Da mesma maneira, não há alguém que coloque vinho novo em recipiente de couro velho. Ora, se o fizer, o vinho novo, ao fermentar, arrebentará o recipiente, se derramará e danificará o recipiente onde fora colocado. 38Ao contrário! O vinho novo deve ser posto em um recipiente de couro novo. 39Pois, pessoa alguma, depois de beber o vinho velho, prefere o novo; porquanto se diz: ‘O vinho velho é bom o suficiente!’”. Lucas, capítulo 5
Essa metáfora - a rigor uma hipérbole - utilizada pelo Cristo é bonita, mas desafiadora.
Já Paul McCartney fala sobre a novidade de maneira bela e romântica em sua canção This Never Happened Before. Segue link abaixo para quem quiser ouvir.
https://www.youtube.com/watch?v=fLVNdjzwA_c
A insegurança inicial, provocada pelas tensões entre o “recipiente velho” da parábola e o conteúdo representado pelo vinho novo, naturalmente, toma conta de nossa alma quando enfrentamos o primeiro dia de aula de nossas vidas; de um novo emprego, de um novo relacionamento, de um encontro qualquer, de um caminho novo, uma bebida ou comida novas. Entretanto, aos poucos essa sensação de mal-estar cede lugar à satisfação e à beleza de experimentarmos o que nunca havíamos experimentado antes.
Ao falar sobre o assunto, Jesus queria passar essa sabedoria aos seus discípulos sem dourar a pílula, porque temos de saber que a dinâmica da vida nos forçará a essas experiências desafiadoras onde, de muitas maneiras e em variadas ocasiões, ocorrerão indefinidamente.
Então, temos de desenvolver a capacidade de trocar de recipientes (nossos valores habituais, nosso lugar de conforto) transvalorando-os, para a recepção do que surge sem prévio aviso e sem pedir licença.
A
chave para esse desafio não poderia ser outra: o Amor. Como disse Pedro, o
apóstolo, em sua primeira carta: acima de tudo, amem profundamente uns aos
outros, pois o amor cobre uma multidão de pecados.
Nota: “pecados” aqui podem ser tomados como nossa teimosia em ficar no lugar onde nos sentimos confortáveis – como o sabor conhecido do vinho velho da parábola.
O amor abre e fecha feridas pela existência afora. Como diz Ivan Lins na canção Iluminados (link abaixo)
https://www.youtube.com/watch?v=9ukL5Nkg2CY
No caso do McCartney o amor profundo por alguém. No caso do Cristo, o amor por todos.
Difícil?
Quem disse que seria fácil?
Antes de mais nada, bom gosto musical!! Beatles e Ivan Lins criaram repertórios marcantes!!
ResponderExcluirQuanto à reflexão acima, penso que a beleza da vida consiste justamente no ineditismo de cada instante!!
Para mim, a boniteza se dá quando sentimos integralmente - corpo e mente - a raridade da experiência vivida, e agradecemos pelo instante irrepetível.
Porque em grande parte, vivemos no piloto automático.
Já as crianças existem no estado de abertura diante da(s) novidade(s).
Então, faz-se mister recuperar a nossa criança interna, sem a ingenuidade característica, mas com a espontaneidade legítima que vive fortemente o presente sem se preocupar com o passado ou ficar ansioso pelo futuro.
Quão profundo a orientação expressa por Jesus, mas ignorada pelos adultos:
"Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam; pois o Reino dos céus pertence aos que são semelhantes a elas". (Mt 19:14).
Por último, encerro com aqueles famosos versos:
"Eu fico com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita".
Sim, b-o-n-i-t-a!!