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Mostrando postagens de agosto, 2019

APEGO OU DESAPEGO AOS BENS TERRENOS

Roda pelas redes a seguinte mensagem. .. Concordo com Kardec quando diz: procurar suas alegrias neste mundo, satisfazendo suas paixões, ainda que à custa do próximo ; Contudo, com todo respeito ao mestre, discordo quando diz: a importância que o homem atribui aos bens temporais está na razão inversa de sua fé na vida espiritual. Vamos por partes... 1)     Seria desnecessário dizer que o termo “homem” empregado por Kardec designa espécie e não gênero . Por quê? Porque, presentemente, sofremos uma enorme vigilância por parte dos defensores do politicamente correto. 2)    Uma coisa é uma coisa; outra coisa é outra coisa. O primeiro destaque que faço   – procurar minhas alegrias neste mundo, satisfazendo minhas paixões, ainda que à custa do próximo – pode dar a falsa ideia que Kardec   era um homem muito ressentido e visceralmente triste,   motivo pelo qual a impressão que se tem é de condenação indiscriminada às alegrias que se possa ter neste mundo, independentemente

ÉTICA E ESPIRITUALIDADE

25/08/2019 Em especial para os espíritas “espiritualidade” pressupõe a existência de seres que existem antes e depois da morte em um Universo paralelo – os espíritos e o mundo espiritual. O termo pode assumir outras significações – sua semântica é ampla e complexa, tanto que Hegel utiliza o termo “espírito” de maneira diversa ao que entendem os espíritas. E por aí vai... Posso arriscar dizer que Espiritualidade é aquilo que dá sentido à vida. Nesta chave também é possível colocar o seguinte: Pode-se imaginar uma espiritualidade ateia – aquela que negaria a existência de Deus, ou uma espiritualidade cética – aquela que duvidaria da sobrevivência do espírito humano após a morte? A meu ver, no livro já citado por mim “Ética é mais importante do que religião?” essa questão é colocada em debate. E inferi de sua leitura a resposta para a questão acima: sim, é possível imaginar uma espiritualidade que opera naquelas condições, desde que dentro de um horizonte ético. Ao i

O IMANENTE DESPREZADO

O que me motivou a escrever este texto? Foi a leitura do livro “Por que ética é mais importante do que religião” parceria do Dalai Lama e o jornalista Franz Alt. Pelas tantas, Franz Alt informa que um intelectual alemão perguntou ao Dalai o seguinte: “Sua santidade, como posso chegar à Iluminação depressa?” Ele respondeu: “O melhor a se fazer é ir ao médico e tomar uma injeção.” A leitura que faço dessa resposta de Sua Santidade é: para atingir a iluminação, aqui na Terra, o melhor caminho é viver eticamente na imanência, sem preocupações metafísicas. Lembrei-me de duas passagens dos Evangelhos que, para mim, relacionam-se com a resposta do Dalai: E louvou aquele senhor ao injusto mordomo por haver procedido com sagacidade; porque os filhos deste mundo são mais sagazes para com a sua geração do que os filhos da luz Lucas, 16:8 Então Simão Pedro, que tinha espada , desembainhou-a, e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. E o nome do servo

AMOR E SAUDADE

Carta dirigida aos meus filhos 22/11/2018 Aprendi a desconfiar daqueles que, constantemente, dizem amar alguém. A mãe definitivamente não pertence a esse grupo de pessoas. Em todos esses anos de convivência com ela percebi que o seu amor se revela por sutilezas que exigem uma aguda observação... Como iria viajar, ela levantou cedinho e deixou arroz, feijão e uma panela de carne cozida para mim. Essas panelas revelam muita coisa. Como dizia Santa Teresa d´Ávila: Deus se revela nas panelas , porque Deus é amor, portanto, revela-se por toda parte. Consigo ver esse amor brotar da mãe nos seus mais singelos gestos. Ao sair de casa, pela manhã, a mãe percebe a vacuidade que deixa para trás: nossa cachorrinha   Piri está inquieta, acabrunhada e isso vai durar até a sua volta, porque para a Piri a ausência da mãe será eterna enquanto dure. Para mim, a saudade me abraça com toda força e me deixa em estado de suspensão.  Amor? Não saberia dizer, talvez posse; não so

DOUTRINA ESPÍRITA E LIBERDADE

Janeiro/2019 Ao pôr mais liberdade no individuo, a Doutrina Espírita provoca certo bem-estar no principiante que vem de doutrinas fechadas com regras rígidas, dogmas e com a presença de um líder espiritual. Não que isto não tenha benefícios, sabemos que tem. O contato com a doutrina espírita, como aconteceu comigo na adolescência, foi como uma lufada de ar fresco numa existência pautada por artigos e decretos pétreos, sem vida, sem espírito com peso enorme de culpa e remorso difusos. A pergunta é: há nesse indivíduo a noção de perigo trazido por essa liberdade, acostumado a obedecer a princípios e regras ditados pela doutrina que seguia anteriormente? Será ele capaz de gerir essa liberdade? Não encontro resposta pronta para essas questões, porque envolvem muitas variáveis. Por outro lado, a Doutrina Espírita mostra-se aparentemente consoladora para aquele que aspira a uma boa dose de liberdade. Porém, o outro lado da moeda não é muito agradável, porque cobra uma enorm