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Mostrando postagens de janeiro, 2023

CESTA DE CARNAVAL - Inspiração demoníaca

Figuras de um carnaval (1906) André Derain (1880-1954) Esse encontro aconteceu próximo do Natal de 1989 – se não me engano. Estava eu atravessando a Praça Barão – ponto central da cidade de Franca, cidade localizada a Nordeste do Estado de São Paulo, quando avistei um companheiro que frequentava o mesmo centro espírita – Templo Espírita Vicente de Paulo. Ele aproximou-se tão rápida quanto entusiasticamente para me contar a novidade: “Humberto, estou muito feliz, porque hoje completamos 400 cestas de Natal para entregar no Jardim Aeroporto III !” – disse-me ele.   Naquela época era um bairro periférico e muito pobre no qual o Vicente de Paulo dava assistência às famílias mais necessitadas. “Parabéns pelo belo trabalho” – retruquei. Neste momento, fui tomado como que por um demônio – aqueles mesmos que atormentavam o pobre Santo Antão testando o seu limite de humildade e resignação, e lancei a seguinte proposta: “Que tal fazermos a cesta de Carnaval nos mesmos moldes da de

CESTA DE CARNAVAL

CESTA DE CARNAVAL (uma inspiração demoníaca) Não foram poucas as vezes em que fui convidado para falar em centros espíritas sobre o tema “caridade”. Nessas oportunidades não medi esforços para que as pessoas que me ouviam sentissem um pouco do que ia no meu coração, naquele momento. Falar com a ajuda de tecnologia, apresentações performáticas ajudam bastante tanto o apresentador quanto o público que o ouve, mas não é suficiente. Palestras simples, porém cheias de vida cobrem um amplo espectro de emoções e pensamentos – finalidade, a meu ver, maior do que grandes performances com riqueza de letras e pobreza de espírito. Entretanto, quando um orador consegue aglutinar conhecimento sólido com a magia da graça e da simplicidade, o alcance inegavelmente será muito maior. Toda palestra deve provocar na audiência um tremor, um certo incômodo positivo, uma empatia com a ideia e não com o agente da ideia; caso contrário, o orador se moverá pela vaidade e não pelo prazer de ensinar, elu

A PRECE

  Arte: Tiago Spina (com Inteligência Artificial) Na ODE [1] XIV,  Horácio [2] dirá ao seu interlocutor Póstumo, o seguinte: Fogem os anos, Póstumo, apressados; Religiosa Piedade em vão procura Deter os passos da Velhice, e Não lhe suspende os golpes. Inda que intentes aplacar com sangue De tríplice Hecatombe [3] , os dias todos, O inflexível Plutão, surdo a teus votos, As parcas não suspende. Já Oscar Wilde [4] avançará um pouco mais no que disse Horácio: Os deuses quando querem nos castigar atendem as nossas preces. Trocando em miúdos: ambos queriam dizer que sob condições normais de temperatura e pressão (mais pressão do que temperatura) a contingência e suas demandas não dão trégua para quem aqui encarnado está [5] . Um deles, diz da inutilidade em se fazer preces aos céus – Plutão não suspende o trabalho das parcas [6] ; o outro, que se corre o risco de sermos atendidos – a sutileza da frase está em Wilde sugerir que somos cegos que dirigem cegos [7] como diria o Cristo. E ne

ANO NOVO, VIDA NOVA (se...)

Ora, entre os fariseus havia um homem chamado Nicodemos, senador dos judeus — que veio à noite ter com Jesus e lhe disse: “Mestre, sabemos que vieste da parte de Deus para nos instruir como um doutor, porquanto ninguém poderia fazer os milagres que fazes, se Deus não estivesse com ele.” Jesus lhe respondeu: “Em verdade, em verdade digo-te: Ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo .” Disse-lhe Nicodemos: “Como pode nascer um homem já velho? Pode tornar a entrar no ventre de sua mãe, para nascer segunda vez?” Retorquiu-lhe Jesus: “Em verdade, em verdade, digo-te : Se um homem não renasce da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus . — O que é nascido da carne é carne e o que é nascido do Espírito é Espírito. — Não te admires de que eu te haja dito ser preciso que nasças de novo. — O Espírito sopra onde quer e ouves a sua voz, mas não sabes donde vem ele, nem para onde vai; o mesmo se dá com todo homem que é nascido do Espírito.” Respondeu-lhe Nicodemos: