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Mostrando postagens de abril, 2024

DESILUSÕES

Vincent Van Gogh – Homem Velho   Observai! Eu vos envio como ovelhas entre os lobos. Sede, portanto, astutos como as serpentes e inofensivos como as pombas. E, acautelai-vos dos homens, pois que vos entregarão aos tribunais e vos açoitarão nas suas sinagogas. Jesus. Bíblia King James Atualizada Mateus, capítulo 10:16-17  +++++++++++++++ À parte a estranheza que possa causar aos defensores dos legítimos direitos dos animais em classificar as serpentes como “astutas” e pombas como “inofensivas”, ao ler esta passagem onde Jesus adverte seus discípulos sobre os perigos que os aguardam caso se iludam com as aparências, vou focar naquilo que constitui as nossas ilusões. Sou propenso a pensar que Jesus - conhecedor das adversidades e desafios deste mundo – estava mais preocupado com a reação dos discípulos diante dos inevitáveis tropeços do caminho, do que com os tropeços em si. Antes, é bom frisar que é óbvio que uma dose de aparência é necessária para se viver em sociedade.

O BENEFÍCIO DA DÚVIDA

De acordo com Sexto Empírico, médico e filósofo grego do século II, alguns creem que a verdade não pode ser apreendida. Outros pensam que encontraram a verdade: esses são os dogmáticos. Os céticos continuam a procurar. Do livro O Pensamento Crítico – O poder da lógica e da Argumentação. Walter A. Carnielli e Richard L. Epstein. Editora Rideel   +++++++++++++ Muita gente - muita mesmo, procura certezas na vida. Não acho que isto seja um problema. Quem não carrega uma certa carga de insegurança? Aqueles que afirmam não serem inseguros estão mentindo. Além disso, essa busca por certezas tem o potencial de causar estragos no psiquismo pelas frustrações advindas dessa conduta. É comum sermos surpreendidos pela contingência [1] : desastres naturais; morte súbita de pessoas queridas; a perda daquele sonhado emprego onde apostamos todas as nossas fichas; a promoção que não veio; o amor rejeitado; a separação dolorosamente apresentada pela companheira/companheiro; o diagnóstico de um

REVIVÊNCIA

  Ilustração mostrando a conexão neural e a ação de neurotransmissores Minha memória me leva a uma certa tarde… em Buenos Aires. Eu o vejo; vejo o bico de gás; era possível pôr minha mão nas prateleiras. Sei exatamente onde encontrar As mil e uma noites de Burton e a Conquista do Peru de Prescott, apesar de a biblioteca não mais existir. Jorge Luis Borges, Esse ofício do verso Citado por Alberto Manguel em “Com Borges”, Editora Âyiné, 2020. +++++++++++++++++++ Apesar de os fisicalistas [1] , principalmente aqueles ligados à pesquisa no campo da Neurociência, afirmarem com grande certeza de que pensamentos, emoções não são mais do que conexões e desconexões de células nervosas e dos chamados neurotransmissores [2] , ainda penso que a memória tem a capacidade da revivência que, como numa máquina do tempo, torna real aquilo que o tempo – esse destruidor de mundos – não consegue apagar. Numa análise fria desses pesquisadores, não passo de um romântico que, como diz Caetano Veloso

DESCONSTRUIR KARDEC

Um odre: peça que, na antiguidade, se colocava água, vinho, leite, azeite e outros líquidos +++++++++++++++ Há um ditado taoista que diz mais ou menos o seguinte: Para aprendermos algo novo, é preciso desaprender o velho; para desaprendê-lo, é preciso que, antes, o tenhamos aprendido. Está esquisito? Vou dar outro exemplo. Este vem de Jesus, que diz: "Nenhum homem coloca vinho novo em odres velhos; do contrário, os odres se rompem, o vinho se derrama, e os odres se perdem; mas coloca-se vinho novo em odres novos, e assim ambos se conservam." [1] Bíblia King James. Mateus, 9:17.  ++++++++++++++++ Para começo de conversa, Jesus põe uma pá de cal sobre a ideia de “reforma íntima” tão cara para muitos espíritas. Claramente, o que Jesus propõe é uma revolução e não uma reforma. Kardec chamaria essa revolução de “transformação moral” [2] . Em ambas as citações, a ideia central é de que conceitos velhos, carcomidos pelo tempo, ultrapassados podem contaminar o que surge