Roda pelas redes a seguinte mensagem...
Concordo
com Kardec quando diz: procurar suas alegrias neste mundo,
satisfazendo suas paixões, ainda que à custa do próximo; Contudo, com
todo respeito ao mestre, discordo quando diz: a importância que o homem atribui
aos bens temporais está na razão inversa de sua fé na vida espiritual.
Vamos
por partes...
1)
Seria
desnecessário dizer que o termo “homem” empregado por Kardec designa espécie e não gênero. Por quê? Porque, presentemente, sofremos uma enorme vigilância
por parte dos defensores do politicamente correto.
2)
Uma
coisa é uma coisa; outra coisa é outra coisa. O primeiro destaque que faço – procurar minhas alegrias neste mundo,
satisfazendo minhas paixões, ainda que à custa do próximo – pode dar a
falsa ideia que Kardec era um homem
muito ressentido e visceralmente triste, motivo pelo qual a impressão que se tem é de
condenação indiscriminada às alegrias que se possa ter neste mundo,
independentemente de ser crente ou não. O problema está (me corrija se eu
estiver errado) na oração subordinada adverbial concessiva ainda que à custa do próximo; neste
caso, minha alegria estará vinculada a um prejuízo, evidente ou não, do outro.
Kardec está certo.
3)
Contudo,
o argumento dado pelo mestre Kardec - a importância que o homem atribui aos bens
temporais está na razão inversa de sua fé na vida espiritual – não se
sustenta, porque há pessoas muito ricas e ateias - as quais não acreditam em
vida espiritual - mais desapegadas dos bens terrenos do que alguns pobres. Meu
caso, por exemplo, é emblemático: sou apegadíssimo a algumas migalhas que
possuo, embora seja pobre e espiritualista.
Portanto, a crença em vida depois da morte
não pode ser a régua pela qual somos apegados ou não. A questão é de caráter e
não de fé.
"Procurar minhas alegrias neste mundo, satisfazendo minhas paixões, ainda que à custa do próximo".
ResponderExcluirAo interagir com o próximo dessa forma, já nos tempos de Kardec, o indivíduo era destituído de valores espirituais, carregando consigo, de alguma forma, traços que hoje são de um psicopata.
"A importância que o homem atribui aos bens temporais está na razão inversa de sua fé na vida espiritual". Nada mais verdadeiro nos dias de hoje para quem pratica a espiritualidade. Nos tempos do mestre, em que o Espiritismo estava em fase embrionária, é possível se afirmar que esse postulado é discutível. Ainda assim, nos nossos dias, de amplo conhecimento e prática da Doutrina, podem ocorrer desvios desse padrão, como é o seu caso (bem como de muitos outros), que se reconhece espiritualista (e bem sei que o é) mas igualmente apegado. . Na verdade, como você bem mencionou, o termo mais adequado seria apreço, que é o que eu acho que você devota às suas "migalhas" Ou não?
Mas insisto que isso não é a regra. Meu afetuoso abraço, irmão.
Obrigado caro irmão Auri pelo comentário sobre esse tema tão controverso.
ResponderExcluirPrometo que voltaremos a falar sobre esse assunto.
Vamos pensando...
Abraço fraterno
Aguardarei. Quando mencionei a fase embrionária da Doutrina e os traços patológicos de quem poderia satisfazer suas paixões "à custa do próximo" nos tempos de Kardec, isso poderia derivar do fato de que sua penetração no âmbito da sociedade francesa seria ínfimo.
ResponderExcluir" Ainda que àquele custa do próximo", no qual observo entre tantos outros, no comércio de produtos importados produzidos por pessoas em condições análogas a escravidão. No entanto, a aquisição destes produtos por parte de pessoas que praticam algum tipo de religião, não levam em conta este cenário. Assim sendo, talvez Kardec esteja correto ao afirmar "... na razão inversa de sua fé...", talvez não no sentido de apego, mas de possuir pelo simples prazer de ter.
ResponderExcluirObrigado caro Evaldo pelo interesse e companhia em nossas reuniões e em nossos debates. Abraço.
ResponderExcluirEntendo o prazer e as alegrias da vida material como sendo legítimos e importantes. A questão é não deixar que se tornem a finalidade da existência, e que sejamos capazes
ResponderExcluirde renunciar a eles quando necessário, em benefício de alguém, ou até de nós mesmos. Gostei o que o Auri comentou sobre ser apreço e não apego. Realmente, me parece diferente. O apego traz a ideia de estar preso a algo. O apreço é como o amor, nos permite desfrutar da alegria e do prazer sem estar aprisionado, entendendo seu valor real, transitório. A certeza da vida espiritual nos dá a condição para essa compreensão. Abraço!
Cara Elza Maria, obrigado por suas considerações; elas oferecem muito material para pensarmos sobre o assunto. Contudo, nossa natureza, tanto quanto nosso peculiar condicionamento psicológico não permitem que sejamos tão desprendidos como quer a literatura espiritualista, mesmo sabendo de nossa condição de espíritos encarnados.
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