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SENHORES E ESCRAVOS

 


Homem Submetido

Arte: Tiago Spina

Técnica: Inteligência Artificial

12/10/2022

 

“Contraditória e necessariamente, a expansão moderna do capital comercial, assanhada com a oportunidade de ganhar novos espaços, brutaliza e faz retroceder a formas cruentas o cotidiano vivido pelos dominados. O genocídio dos astecas e dos incas, obra de Cortez e de Pizarro, foi apenas o marco inaugural. Os recomeços foram numerosos. Cito um exemplo, decerto menos conhecido. Nos meados do século XIX, a Argentina conheceu a sangrenta conquista dei desierto à custa dos índios e mestiços patagões. Pagava-se em moeda inglesa o par de orelhas de índio, mas, como em pouco tempo viam-se muitos indígenas com as orelhas cortadas, e ainda vivos, recorreu-se ao expediente mais eficaz de pagar pelo par de testículos de índio. Os autores desse genocídio, amiúde aventureiros internacionais, acumularam fabulosas fortunas. Outros, com as terras assim arrebatadas, passaram a se alistar no patriciado.”

Dialética da Colonização

Alfredo Bosi.

 

O que mudou de lá para cá? O objeto da castração: agora não são mais os testículos, são as mentes e, consequentemente, os corpos por inteiro.

Nota: utilizei no título o termo "escravo" e não "escravizado" - que é mais correto, apenas para ressaltar a mentalidade desumanizadora dominante daqueles "senhores".


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Comentários

  1. NewC23 de outubro de 2022 às 22:47

    Senhores que são escravos
    e escravos que são senhores
    na luta de ideologias e dogmas

    Nesses tempos de desumanidade inaceitável importa provermos justiça e liberdade com húmus e lucidez.

    Utopia? Que seja! Caminhemos resilientes e longitudinalmente.

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