Antes de mais nada, gostaria de agradecer à pessoa que comentou o texto em pauta e fez uma pergunta. Não a nomeio porque não quis identificar-se. É muito bom quando recebo impressões dos leitores e levantam perguntas, porque essa é a proposta deste blog.
A priori, os produtores do filme "A primeira tentação de Cristo" não são burros. Eles sabiam que atiçando o público com essa temática, ainda mais no final do ano, onde as pessoas se tornam mais "religiosas" do que o normal, e a forma como abordaram o tema, eles ganhariam grande visibilidade em capas de revistas e jornais e essa visibilidade, consequentemente, aumentaria exponencialmente o faturamento.
Alguém me perguntou...
E a seu ver, Humberto, qual foi a intenção do Porta dos Fundos"? Ainda não assisti...(penso a censura de forma diferente...pois acho q assiste quem quer...), afinal, está restrito a um canal pago... Gostaria da sua opinião...
A priori, os produtores do filme "A primeira tentação de Cristo" não são burros. Eles sabiam que atiçando o público com essa temática, ainda mais no final do ano, onde as pessoas se tornam mais "religiosas" do que o normal, e a forma como abordaram o tema, eles ganhariam grande visibilidade em capas de revistas e jornais e essa visibilidade, consequentemente, aumentaria exponencialmente o faturamento.
Esse tipo de humor apelativo relacionado à
orientação sexual, por exemplo, não me agrada independentemente de quem seja o
alvo - no caso específico foi Jesus.
A outra ponta é mais sutil, penso eu. Trata-se de
uma reação do grupo artístico às políticas públicas relacionadas à Cultura,
implementadas pelo atual governo o qual recebe apoio tácito de grupos
religiosos ligados, sobretudo, ao Pentecostalismo. É um cabo de guerra.
Também concordo com você, assista quem quiser. Tem
gente que gosta de degolar pessoas por pertencerem a outras religiões, outras
nacionalidades; e há gente que gosta de humor mesmo tripudiando sobre aquilo
que uma boa parcela da humanidade considera sagrado. Há públicos para esse arco
de opções com o qual os canais de mídia exploram, não raro sem muito escrúpulo,
para aumentar sua audiência.
Uma parcela da população que acha engraçado esculhambar com
tudo (quase tudo, porque li, em algum lugar[1],
que o próprio Porchat[2]
alegou que não fará um "especial" como este colocando Maomé
no lugar de Jesus, porque quer viver mais tempo) e utilizar a orientação
sexual de alguém como coisa engraçada; e de outro uma parcela que se sente
ofendida por um grupo de humoristas ao fazer alusão sobre a orientação sexual
de Jesus. A meu ver, o resultado da soma dessas parcelas é zero.
Com todo o respeito aos que se sentem ofendidos com
um grupo despudorado que busca ganhar dinheiro com bobagens ofensivas, penso
que há temas mais urgentes e importantes para tratarmos, por exemplo - e é só
um exemplo que me vem à cabeça neste momento, a acidificação das águas
oceânicas. Confirmando essa informação por parte de alguns ambientalistas, o
valor da conta vai ser pago por cristãos, islâmicos, budistas, ateus,
esculhambadores e seus descendentes.
Lembro-me de um artigo de autoria de Carlos Heitor
Cony com o título “Jesus era gay? E daí?”[3] Cony
foi motivado pelas reações e gritos de revolta a respeito da afirmação de um
artista de fama mundial em que dizia “Jesus era gay”.
Peço licença para fazer da expressão do Cony a
minha expressão: Jesus era gay, e daí?! E que graça há nisso?!
[1] “Eu, por exemplo, não faço piada
com Alá e Maomé, porque não quero morrer! Não quero que explodam a minha casa
só por isso”. Fonte: https://padrepauloricardo.org/blog/e-a-liberdade-de-expressao
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