21/01/2017
Não julgueis, para que não
sejais julgados.
Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados; e com a medida que medirdes vós sereis medidos.
E por que tu observas o cisco que está no olho do teu irmão, e não percebes a viga que está no teu próprio olho?
Ou como dirás a teu irmão:
Deixa-me tirar o cisco do teu olho, e, eis uma viga no teu próprio olho?
Hipócrita, tira primeiro a
viga do teu olho, e então verás com clareza para tirar o cisco do olho do teu
irmão.
Mateus, 7: 1-5
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É possível viver sem julgar? Há perdão sem julgamento?
O
julgamento e o perdão são irmãos siameses.[1]
Muita
gente diz não julgar ou que julgar não é bom. Essa gente não percebe que agindo
assim, o julgamento já está em curso – o autojulgamento de ser incapaz, ou
incompetente em fazer julgamentos; e essa conduta ou modo de pensar têm várias
nuances:
1)
Medo de
julgar para não ser julgado: é uma maneira sutil de escapar do medo de ser
julgado.
2)
Insegurança:
derivada de uma educação repressiva.
3)
Obediência:
ao que foi dito sem a devida compreensão do contexto em que foi dito.
4)
Culpa:
pessoas que carregam muita culpa sentem dificuldade em julgar; causa-lhes um
desconforto tal que preferem isentar-se diante de situações claramente
injustas. Acham que com essa atitude se livram da angústia de carregar mais
culpa. Ledo engano.
5)
Indiferença:
a mãe de todos os interesses mesquinhos.
6)
Desejo
de ganho de capital simbólico: aqui entra a figura do perdão. O perdoador
carrega consigo os motivos acima listados, acrescentando o desejo de se sentir
superior.
Esse
“perdão” não passa nem perto do perdão evocado por Jesus[2], porque trata-se de um perdão que busca satisfazer interesses e aplausos, não raro, temperado com uma
profunda indiferença – porque só somos capazes de perdoar àqueles que
desprezamos.
.
Claro
que este tema não se esgota aqui, seria uma tolice querer esgotá-lo.
Lembremo-nos
do registro no Apocalipse[3]:
“os mornos serão vomitados”.
Lembremo-nos: um prato da balança da justiça, sempre terá um prato do outro lado.
Difícil? Quem disse que seria fácil?
[1]
Siameses são irmãos gêmeos ligados por
alguma região do corpo.
[2]
À pergunta do discípulo se deveria perdoar sete vezes ao seu ofensor, Jesus é
categórico: Não te digo até sete, mas até setenta vezes sete vezes, ou
seja, sempre. Essa disposição de “sempre” perdoar não é simples nem fácil, ela
vem à existência por um estado de espírito que, aparentemente, pode ser
confundido com indiferença, mas está bem longe disso. Trata-se de uma
arquitetura que demanda grande empenho e aguda noção da Vida; algo parecido com
os quatro princípios da Sabedoria Tolteca: “não leve as coisas para o lado
pessoal”.
[3]
Conheço as tuas obras, que nem és frio
nem quente; quem dera foras frio ou quente!
Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca. (Apocalipse 3: 15,16)
Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca. (Apocalipse 3: 15,16)
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