Não se trata de fulanizar a idiotice; não é um ataque pessoal.
Quando
digo “espírita idiotizado”, refiro-me àquele que vive preso a uma bolha
conceitual, onde finca os pés e nega a própria humanidade. O termo não acusa,
descreve: alguém que se afastou da vida pública, dos problemas coletivos e das
oportunidades de intervir e transformar.
Em
Política: para não ser idiota, Mário Sérgio Cortella e Renato Janine
Ribeiro resgatam o sentido original da palavra “idiota”: o que se isola da vida
pública. A partir daí, convidam à reflexão sobre a importância da participação
política como expressão da cidadania e da vida coletiva.
O
curioso é que ninguém se isola completamente. Mesmo quem declara não se
interessar por política já a pratica: compra, vende, aluga, casa-se, descasa,
tem filhos, acompanha esportes, disputa vagas de liderança em seu templo — em
todos esses atos, influencia e é influenciado pela sociedade.
Como
adjetivo, “idiota” é uma condição que se pode abandonar. Da mesma forma,
“espírita idiotizado” não é definitivo: indica alguém que foi levado à
idiotice, mas que ainda pode reencontrar o caminho da consciência.
O
cuidado com as palavras é fundamental. Chamar alguém de “escravo” seria
classificá-lo de forma absoluta — sem chance de mudança. “Escravizado”, no
entanto, revela uma condição passageira, suscetível de transformação.
O espírita que persiste na idiotice tem dois caminhos: abandonar o espiritismo ou deixar de ser idiotizado, estudando com profundidade O Livro dos Espíritos.
Kardec dedica um capítulo inteiro à Lei de Sociedade, mostrando que viver na grei - no grupo, não é opcional: o ser humano é, como disse Aristóteles, um animal
social, destinado a viver em comunidade.
Portanto,
ser idiota é incompatível com a vida espírita. O discípulo coerente precisa
abandonar a bolha conceitual, deixar de olhar apenas para si mesmo e assumir
sua responsabilidade social.
“Espírita
idiotizado” é um oxímoro: indica a tensão entre a doutrina que se professa e a
atitude que se mantém. O estudo da Lei de Sociedade é, portanto, um convite — à
reflexão, ao aprendizado, à transformação.
A
sociedade democrática, em sua essência, exige conviver com as diferenças
naturais de uma coletividade plural.
Difícil?
Sem dúvida. Mas quem disse que viver em sociedade seria fácil?
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