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AMAR DÁ TRABALHO

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ENTERRAR OS MORTOS

Ao ser abordado por uma pessoa que se declarava simpático aos seus ensinamentos, e por essa razão gostaria da acompanhá-lo em suas peregrinações, mas dizendo não poderia fazê-lo imediatamente, porque tinha de enterrar o pai morto . Disse-lhe o Mestre: A outro Jesus disse: — Siga-me! Mas ele respondeu: — Senhor, deixe-me ir primeiro sepultar o meu pai. Mas Jesus insistiu: — Deixe que os mortos sepultem os seus mortos. Você, porém, vá e anuncie o Reino de Deus. Outro lhe disse: — Senhor, quero segui-lo, mas permita que antes disso eu me despeça das pessoas da minha casa. Mas Jesus lhe respondeu: — Ninguém que põe a mão no arado e olha para trás é apto para o Reino de Deus. Lucas 9:59-62 Nova Almeida Atualizada (NAA) +++++++++++++++ Não se sabe se essas pessoas O seguiram ou não, mas podemos retirar desse pequeno trecho do Evangelho de Lucas algumas reflexões. Decisões A palavra “decisão” pode ser desmembrada assim: DE + CISÃO. Todos sabemos que a palavra “cisão” significa div

A ÚLTIMA EJACULAÇÃO

A ereção  post mortem  ou ereção terminal é uma ereção que se dá após a morte, tecnicamente um priapismo, que se observa em homens executados, por enforcamento. ++++++++++++ Não entrarei nos detalhes técnicos do porquê isto ocorre, não é a finalidade desse texto, mas discutir o simbolismo desse fenômeno terminal cruzando com o horror da manutenção da pena de morte por enforcamento em alguns países até hoje. [1] Soube disso pela leitura de O Duelo dos Neurocirurgiões e outras histórias de trauma, loucura e recuperação do cérebro , onde fui informado da morte do assassino do presidente dos EUA Garfield [2] , por enforcamento. Apesar dos esforços em provar sua insanidade – que era evidente -, os argumentos da defesa não conseguiram superar o ressentimento geral da população. Reproduzo o trecho lido: Dentro do crânio de Guiteau [3] , porém, nada parecia errado à primeira vista. Seu cérebro pesou 1,4 quilo numa balança de mercearia, um pouquinho mais que a média, e, afora alguma

NONSENSE

  Nonsense : o dicionário Aulete informa que o termo vem do inglês e significa ação ou palavra sem sentido, sem nexo, às vezes feita ou dita com intenção humorística. Narrativa ou filme que apresenta várias situações ilógicas, surreais, absurdas. O Dadaísmo foi um movimento cultural no qual propunha um rompimento com os estilos clássico e tradicional. Utilizava o nonsense em suas manifestações artísticas e literárias. Agnosticismo : doutrina filosófica que declara o absoluto inacessível ao espírito humano . ++++++++++++ Costumo pôr nesse balaio semântico aqueles que acreditam em Deus e O querem reduzir a um punhado de adjetivos que, numa chave – que eu chamaria de puxa-saquismo sagrado - colocam aqueles adjetivos no superlativo: boníssimo; sapientíssimo; misericordiosíssimo e por aí vai... Acredito na existência de um Criador, mas não me atrevo a classificá-Lo e, portanto, defini-Lo. Desta maneira me aproximo do Agnosticismo teísta. Toda vez que usamos a expressão “ Deu

VIVENDO NA VOZ PASSIVA

  Fui a uma farmácia comprar um medicamento específico. Ao chegar no caixa, vi uma propaganda dessas panaceias* para quem está com problemas no aparelho digestivo. * panaceia : planta, beberagem, simpatia, ou qualquer coisa que se acredite possa remediar vários ou todos os males. Lá dizia: O fígado atacou ? Tome (a tal panaceia) que resolve! Pensei: o sujeito vai a um bar, toma meio litro de cachaça acompanhado de meio quilo de torresmo, passa mal e diz: o meu fígado atacou . Como se o infeliz do fígado tivesse alguma coisa a ver com sua extravagância. A meu ver – me desculpem os amantes de torresmo com cachaça – a frase deveria ser na voz passiva: o fígado foi atacado ? Então tome a tal panaceia . Nesse caso específico, ao mudar de voz ativa para a voz passiva, transfere-se para o verdadeiro agente da desgraça orgânica a responsabilidade pelo fígado reagir à comilança. Lembro-me, há muitos anos, de ter participado de uma disputa de vaga para um carguinho numa empresa d

MORTES SUCESSIVAS - um incômodo lembrete

  A melhor maneira de morrer é viver intensamente a vida instante a instante. A ideia trazida pela frase acima é muito antiga – quando o latim ainda era língua viva em que se dizia carpe diem. [1] Em oposição à ideia de “vidas sucessivas” temos as “mortes sucessivas” e estas são tão importantes e variadas quanto às primeiras; por esta simples constatação é preciso associar ambas ao cardápio da existência. Em nossa existência, há aquelas mortes diárias, semanais, mensais configuradas na separação, na demissão inesperada, na frustração de algum projeto; e há aquelas que ocorrem uma vez só e fim. É inevitável não lembrar de Haroldo de Campos nos versos “Nascemorre”: Todo reencarnacionista sabe que as vidas sucessivas – nesse vaivém indefinido como sugerem os versos acima - treinam o espírito em variados exercícios para o desenvolvimento da musculatura do caráter. Um deles, que deixa a gente bastante dolorido é o danado do exercício do desapego. A “musculatura” dói mais do que

SUSPEITA FILOSÓFICA

Quanto ao dia e à hora, ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão somente o Pai. Jesus. Mateus, 24:36  ++++++++++ Quando se é capaz de suspeitar de si mesmo, essa conduta intelectual aproxima o pensador de um patamar mais profundo da existência e o põe a caminho da humildade. Também o vacina contra as certezas na apreensão, pelos sentidos, da realidade que o cerca. Num pequeno livro, porém grande em conteúdo, Scarlett Marton dedica-se à defesa de Nietzsche, chamando-o de “filósofo da suspeita”. [1] Creio que Nietzsche não errou em boa parte de suas críticas. Ouso dizer que ele errou na dose, porque há remédios que podem curar doenças, mas dependendo da dose, podem matar o doente. Por isso, este grande pensador alemão é tratado como “o filósofo do martelo”. O exercício da suspeita é muito saudável quando combinado com a noção de humildade; mas é um veneno quando acompanhado pelo orgulho. Esse “caminho do meio” me parece a chave para não cairmos em armadilhas